Uma equipe internacional divulgou o primeiro projeto prático para a construção de um computador quântico em larga escala, que deverá se tornar o computador mais poderoso da Terra.
A equipe já se prepara para construir um protótipo em pequena escala para testar o conceito. A máquina completa, quando for construída conforme descrita no projeto, deverá ter o tamanho de um campo de futebol e poderá custar cerca de US$ 120 milhões.
O tamanho é um problema, mas o custo não o coloca muito distante dos supercomputadores eletrônicos atuais, sobretudo levando em conta o que se espera de seu desempenho - a expectativa é que os computadores quânticos revolucionem a indústria, a ciência e as transações comerciais e bancárias em uma escala semelhante à da passagem dos papéis para os computadores atuais.
O projeto, disponibilizado para que outras equipes possam tentar construir seus próprios protótipos, é resultado do trabalho de uma equipe composta por pesquisadores das universidades de Sussex (Reino Unido), Aarhus (Dinamarca), RIKEN (Japão) e Siegen (Alemanha), e da empresa Google (EUA).
Projeto de computador quântico
O plano se baseia no uso de qubits formados por átomos eletricamente carregados (íons), confinados em uma armadilha eletromagnética. Esta abordagem permite que o computador funcione a temperatura ambiente, ao contrário de um modelo supercondutor alternativo, que requer que todo o sistema seja resfriado a temperaturas muito baixas.
As portas lógicas, os blocos básicos de cálculo, são bem mais simples do que os sistemas largamente usados em pesquisa, baseados em laser. O problema é que isso exigiria alinhar um feixe de laser individual em cada qubit, o que é tecnicamente muito problemático quando se parte para um número de qubits capazes de fazer cálculos práticos. A equipe preferiu usar micro-ondas, o que simplificou muito o sistema.
Outra inovação é um sistema de correção de erros, já que os qubits são muito frágeis, tendendo a perder os dados rapidamente. Para resolver esse problema, a equipe propõe usar qubits estáticos, para manter os dados, e qubits "de medição" para transferir os dados - são esses qubits de medição que transportarão os dados, empurrados pelos campos elétricos.
Desta forma, o computador quântico terá uma estrutura modular, com pequenos circuitos sendo acrescentados até atingir o poder computacional desejado - se tudo funcionar como previsto, não deve haver limites para o poder de processamento além do tamanho da máquina.
Em termos práticos, um computador quântico modular como o agora projetado deverá ocupar um enorme barracão de alta tecnologia, repleto de sofisticados aparelhos de vácuo necessários para manter os qubits livres de interferência, dentro de circuitos integrados de silício - a instalação deverá lembrar os prédios dos supercomputadores atuais, mas com um aspecto mais parecido com o de um laboratório.
Agora é esperar para ver se o protótipo que a equipe está começando a construir funcionará conforme o projeto. Se funcionar, poderemos estar entrando definitivamente na era da computação quântica.
Fonte: Inovação Tecnológica
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